O Luto

Um trabalho de Sandra Rodrigues


OS MEUS DIREITOS: DEZ DIREITOS DA CRIANÇA NO SOFRIMENTO E RECUPERAÇÃO

Nota: É pretendido que esta “lista de direitos” das crianças em luto as ajudem a recuperarem – e que ajude os adultos significativos nas suas vidas a serem encorajadores, também.

Alguém amado morreu. Provavelmente está a ter muitos sentimentos e pensamentos dolorosos e assustadores. Perto desses sentimentos e pensamentos a denominada dor ou sofrimento, que é normal (apesar de muito difícil), momento por que todas as pessoas que perderam alguém que amavam passam.

Os seguintes dez direitos servem para o ajudar a compreender a sua dor e, eventualmente, para se sentir novamente bem com a vida. Faça uso das ideais que têm a ver consigo. Pendure esta lista no seu frigorífico ou na porta do seu quarto. Ao lê-la frequentemente faz com que as ideias comecem a fazer parte de si e recuperar da sua perda. Pode também pedir aos adultos que o rodeiam para lerem de modo a eles o ajudarem da melhor maneira possível.

· Tenho o direito a ter os meus próprios sentimentos, únicos e individuais sobre a morte. Posso sentir raiva, tristeza e solidão. Posso sentir-me assustado ou aliviado. Posso sentir entorpecimento ou, às vezes, não sentir nada. Ninguém se pode sentir exactamente da mesma maneira que eu.

· Tenho o direito de falar sobre o meu sofrimento sempre que tenho vontade de o fazer. Quando precisar de falar, procurarei alguém que me escute e me ame. Quando não quiser falar, também não faz mal.

· Tenho o direito de demonstrar os meus sentimentos de dor da minha própria maneira. Quando estão a sofrer, algumas crianças gostam de brincar pois assim durante algum tempo estão bem. Posso brincar e também rir. Também posso aborrecer-me e chorar. Isto não significa que sou mau, apenas significa que tenho sentimentos assustadores para os quais preciso de ajuda para combater.

· Tenho o direito de precisar de outras pessoas para combater a minha dor, especialmente de adultos que se preocupam comigo. Mais, preciso deles para prestarem atenção ao que estou a sentir e dizer e me amarem mesmo assim.

· Tenho o direito de ficar transtornado com problemas quase normais, quotidianos. Posso estar chateado e ter dificuldade em estar com os outros, às vezes.

· Tenho o direito de ter “explosões de dor”. As explosões de dor são sentimentos súbitos, inesperados de tristeza que tomam conta de mim por vezes – mesmo depois de muito tempo após a morte. Estes sentimentos podem ser muito fortes e muito assustadores. Quando isto acontece, posso sentir medo de estar só.

· Tenho o direito de usar as minhas convicções sobre o meu Deus para me ajudar a lidar com os meus sentimentos de dor. Rezar pode fazer sentir-me melhor e de alguma maneira mais próximo da pessoa que faleceu.

· Tenho o direito a tentar compreender porque a pessoa que amei está morta. Está bem mesmo que não encontra resposta. Por que as perguntas sobre a vida e a morte são as mais duras do mundo.

· Tenho o direito de pensar e falar sobre as recordações que tenho da pessoa que faleceu. Às vezes, essas recordações são alegres e outras vezes podem ser tristes. De qualquer maneira, estas recordações ajudam a perpetuar o amor que sinto pela pessoa que faleceu.

· Tenho o direito de modificar o meu sentimento de sofrimento e, com o passar do tempo, recuperar. Irei ser feliz, mas a vida e a morte dessa pessoa que faleceu farão sempre parte da minha vida. Sentirei sempre a falta dessa pessoa especial.